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segunda-feira, 10 de junho de 2013
terça-feira, 4 de junho de 2013
TRABALHO
E LEITURA DE MULHER
Em meados do século XIX, algumas
medidas foram tomadas em relação a educação nas províncias brasileiras, mestres
e mestras mal formados, iam disseminando sua má formação perante os
brasileiros, que desde a colonização portuguesa, sofreram com a falta de
instrução adequada, possuir instrução, era possuir armas privilegiadas de
libertação, em especial para as mulheres, essas idéias ganham força e difusão
com a chegada dos imigrantes, em fins do século XIX que tentaram recriar o seu
mundo em terras desconhecidas e tão pouco preocupada em oferecer o poder as
massas, através do saber, anarquistas e socialistas propuseram idéias novas de
instrução que incomodavam.
Com propostas opostas de libertação
através da instrução, escolas normais começam a surgir com o intuito de
conceber profissionais docentes, continuavam com a diferenciação dos sexos,
senhoras honestas e prudentes ensinam meninas, homens ensinam meninos, tratam
de saberes diferentes, recebem salários diferentes, tem objetivos de formação
diferentes, avaliam de formas distintas e em turnos e escolas diferentes, o que
se vai observando é o oposto do que se esperava um caminho trilhado mais por
mulheres do que por homens. O magistério ia se transformando em profissão de
mulher em quase todo território brasileiro e mundial, a industrialização e
urbanização estavam atraindo os homens, ampliando ainda mais suas oportunidades
de trabalho, para Guacira Lopes Louro[1] essa inclusão da mulher no
meio docente se deu através de um processo cheio de críticas e resistências
perante a sociedade, muitos achavam uma insanidade entregar as mulheres,
usualmente despreparadas, portadoras de cérebros pouco desenvolvidas, pelo seu
desuso e educação de tantas crianças, no entanto, outros conceitos iam
surgindo, antagônicos a estes olhares, relacionavam a maternidade e o
magistério como destinos certos para as mulheres. A esses discursos vão se
juntar os da nascente psicologia, acentuando que a privacidade familiar e o
amor materno, são indispensáveis ao desenvolvimento físico e emocional das
crianças.
As escolas de formação docente passam
a constituir os currículos, normas e práticas das moças, que agora enchiam as
escolas.
Em alguns momentos, chegou-se mesmo a
proibir que mulheres casadas, exercessem o magistério, referindo-se
explicitamente ao fato de que não seria dignificante, para elas, nesse contexto
Nísia Floresta[3]
foi duramente criticada por seus contemporâneos, por suas ousadias, tanto na
criação de uma escola para moças, como em suas obras e escritos feministas
publicados em jornais, como já enfatizamos aqui, ela perturbava a sociedade,
que a acusava de relacionamentos amorosos com suas alunas e com amantes
masculinos.
O processo de feminização do
magistério também pode ser compreendido como resultante de uma maior intervenção
e controle do Estado, é importante evitar uma interpretação de causalidade
direta e única que leve a pensar que a perda dessa autonomia ocorre
simplesmente porque as mulheres assumem o magistério, talvez seja mais adequado
entender que para tanto se articularam múltiplos fatores.
Pode-se perceber claramente uma
contínua preocupação por parte dessa sociedade com a inserção da mulher em
atividades que ultrapassassem os afazeres domésticos, a mulher precisava ser
protegida e controlada, o trabalho poderia ameaçá-las como mulheres, essas
atividades profissionais representavam um risco para suas funções sociais.
Durante o século XIX o trabalho da
mulher, especificamente da mulher pobre de diversas regiões do país, torna-se
inevitável, essas mulheres mães e pobres para Claudio Fonseca[4] viviam entre a cruz e a
espada, além de todo trabalho, tinham que defender sua reputação contra a
poluição moral, uma vez que o assedio sexual era constante, tanto em trabalhos
domésticos, artesanais, nos campos ou nas insipientes fabricas.
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O século XIX não via com bons olhos
mulheres envolvidas em ações políticas, revoltas e guerras, mas nem por isso
elas não o faziam.
Se na primeira metade do século XIX a
mulher quase não saia de casa, a não ser para a missa, gradativamente ganhava
espaço, na segunda metade deste século, Maria Arisnete Câmara de Moraes[5] analisou algumas
modificações no comportamento dessas mulheres neste período e diz que a
sociedade ia adquirindo novos hábitos, surgiram às leitoras brasileiras,
valorizava-se a leitura como símbolo de instrução e como forma de socialização,
em um contexto onde o Brasil vivia grandes transformações políticas e sócias
representadas pelas campanhas abolicionistas e republicanas que culminariam com
a abolição da escravidão e a proclamação da República, era um período de
expansão da imprensa com a proliferação de jornais por toda parte, o século XIX
presencia uma verdadeira efervescência jornalística, a partir de 1840 via-se
uma significativa presença de jornais em diversas cidades e até vilas, e um
público a conquistar, a mulher, também acompanhava essas mudanças. Para a
autora, o folhetim tinha um lugar privilegiado, o rodapé do jornal, geralmente
de primeira página, destinado ao entreterimento, com a finalidade de atrair
leitoras e leitores.
Observa-se uma forte influência desse tipo
de texto na formação dessa sociedade, que fique claro, uma pequena parte dessa
imensa sociedade feminina que entrava no mundo desconhecido das letras, em
livros e jornais.
Esses romances fatiados, que os
jornais publicavam diariamente, garantia o sucesso dos jornais e dos
escritores, como José de Alencar, Machado de Assis, entre tantos, que entravam
nos mais íntimos espaços domésticos e reuniam mulheres com leituras
silenciosas, e homens como intermediários ativos, utilizando sua voz e domínio
para transmitirem aquelas maravilhosas histórias.
Maravilhosas histórias que eram lidas
nos círculos femininos da sociedade fina e no seio da mocidade começava a se
consolidar um novo espaço de leitura, Marta Maria Araújo[6] ressalta que os jornais
femininos tinham a preocupação de definir sua formula editorial voltada para
ordem intelectual por meio do incentivo para que as mulheres divulgassem suas
produções literárias, por exemplo, no Rio de Janeiro surge o Jornal das
Senhoras, redigido por uma mulher, que incentivava muitas delas a entrar nesse
mundo de descobertas. Muitos jornais femininos surgiram na segunda metade do
século XIX e em diversas cidades brasileiras, o Quinze de Novembro do Sexo
Feminino, O Sexo Feminino, traziam à tona temas como emancipação da mulher, a
mulher no magistério, a instrução do povo, educação das meninas, gritavam
através das letras: Mulheres participem do mundo das letras.
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[1]
LOURO, Guacira Lopes. Magistério de 1º grau: um trabalho de mulher. Educação e
realidade, Porto Alegre: UFRGS, 1993.
[2]
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva
pós-estruturalista. Ed. Vozes, 6º ed.
[3]
Id. Ibid. p. 109
[4]
FONSECA, Claudio. Ser mulher, mãe e pobre. Em: História das mulheres no Brasil.
São Paulo. Contexto, 2006.
[5]
MORAES, Maria Arisnete Câmara de. Leituras de Mulheres no Século XIX, Belo
Horizonte: Autêntica, 2002.
[6]
Maneiras de ler no Brasil do século XIX. In: Araújo, Marta Maria, (org.).
História da educação. 1. Ed. Natal: EDUFRN, 1997. (coleção EPEN, v. I).
15 de Novembro e a Perfeição
É proclamada a República, um processo que começa a ser trabalhado décadas atrás do 15 de novembro de 1889. A etimologia da palavra diz que ela significa coisa pública, mas a nossa nasceu PRIVADA, nasce sem a participação popular, quase 90 por cento da população era analfabeta e o Exército brasileiro, que desde a maldita guerra contra o Paraguai foi ganhando espaço par
É proclamada a República, um processo que começa a ser trabalhado décadas atrás do 15 de novembro de 1889. A etimologia da palavra diz que ela significa coisa pública, mas a nossa nasceu PRIVADA, nasce sem a participação popular, quase 90 por cento da população era analfabeta e o Exército brasileiro, que desde a maldita guerra contra o Paraguai foi ganhando espaço par
a dar o golpe final na decadente Monarquia. Pouco mudou, as políticas públicas não chegavam e nós os marginalizados e bestializados continuávamos inertes, sem consciência, sem amparo. O Estado não nos abraçou, os tentáculos só conseguiam alcançar a Elite, seus interesses e o dinheiro público, um movimento social ali, outro acolá, nada de união, de Revolução e toda tentativa era abafada. O tempo passa, outras Repúblicas vem, também através de golpes de consenso civil, midiático, empresarial, outras Constituições, muitas outras, muitos heróis criados, exaltados, destituídos, enterrados, ressuscitados, muitos planos econômicos, desigualdades gritantes, acertos e erros. A liberdade é calada por 21 anos, mas a elite se cansa, até que o povo grita, mas quem decide é quem muda o discurso, por causa do mundo, que também mudava. Como cantava Renato, vamos celebrar nossa bandeira, nosso passado de absurdos gloriosos. Prefiro essa parte: Nosso futuro recomeça,
Venha, que o que vem é perfeição!
Venha, que o que vem é perfeição!
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